segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A ti, a la que yo amo

A esa, a la que yo quiero
(A ti, a la que yo amo)
A esa, a la que yo quiero,
no es a la que se da rindiéndose,
a la que se entrega cayendo,
de fatiga, de peso muerto,
como el agua por ley de lluvia.
hacia abajo, presa segura
de la tumba vaga del suelo.
A esa, a la que yo quiero,
es a la que se entrega venciendo,
venciéndose,
desde su libertad saltando
por el ímpetu de la gana,
de la gana de amor, surtida,
surtidor, o garza volante,
o disparada -la saeta-,
sobre su pena victoriosa,
hacia arriba, ganando el cielo.
(Pedro Salinas)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Enamoradissima de ti"


[ Ela apenas era, sem adjetivos, era, estava sendo, embora sem saber, sem esforço algum — Era! ]

Estou presa, atada, sucumbida, cedida a ti... e, minh’alma passeia encantada, enlaçada ao seu redor em ciranda vertiginosa. Nada vejo, cheiro, ouço, presencio que não seja você e a fidelidade de tua tremenda cumplicidade projetada, tatuada, fundida em mim.

Sua Constancia tomou vulto alastrando-se em meu psiquismo, em minha pele, sexo com a mais máxima pontualidade, como se fora uma enorme variedade de nenúfares a cobrir as águas de um lago, em cuja superfície, eu narcisa, já não mais me assisto em minhas peregrinações subjetivas, pois, ao contemplar-me neste espelho de mim mesma, só a ti vejo refletida.

Você está a habitar-me criatura adorada _Como se meu corpo, alma, psiquismo, sensibilidade, fosse agora a sua casa, a sua morada escolhida!

Sim! É verdade! -Hoje eu posso dizer que possuo a esperança por suas mãos concedida, pois, prendeste-me a atenção como a uma borboleta azul em finíssimo alfinete de prata!

[Da-me... Da-me um momento que dure toda uma vida!


      

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Intensidade




Quando dizemos que conteúdo e forma são concomitantes e indissolúveis em nosso espírito, não estamos a pensar em certos mistérios da vida afetiva. Um exame de consciência, uma auto-observação cuidadosa, revela-nos, na vida sentimental, por exemplo, fatos desta natureza: experimentamos emoções, sentimos profundamente certos estados anímicos - e não encontramos meios para os definir. Não é porventura freqüente o caso de simpatias e antipatias involuntárias? Quantas vezes não simpatizamos com uma pessoa, sem nenhuma razão, sem nenhum motivo, sem que nada tenha feito essa pessoa para receber nossa simpatia. Em casos como este, temos consciência de nosso estado de simpatia - mas não sabemos explicá-lo, nem defini-lo. É um estado bem vivo em nós - e, no entanto indefinível, ou indizível.

Muito mais que o homem comum, o artista, vivendo mais intensamente a vida afetiva, sente esse indizível dentro de si. E sua maior angústia espiritual é encontrar a expressão para essa realidade visceralmente sentida, mas incompreendida. O drama do artista é sempre a "luta pela expressão". E quando o artista consegue vencer a impotência expressiva, e alguma coisa dizer das infinitas e misteriosas ressonâncias de seu mundo interior - essa alguma coisa é sempre muito pouco em face do que ficou incompreendido. Uma obra literária, em face do indizível que ficou na alma do artista é, uma "franja residual" do oceano infinito e inquieto das emoções. O progresso da linguagem e da experiência humana é ininterrupto, suas conquistas são permanentes; mas o mistério da vida é infinito, e a arte há de sempre lutar com o indizível.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

“A Esfinge (ou) A Mulher Indecifrável” (Postagem antiga retornando à pedidos)



A heroína vai caminhando e vê de longe a esfinge. Ela sabia que a encontraria. Revia mentalmente todos os seus conhecimentos, tudo o que aprendeu e assimilou para esse momento. Chega prostra-se na frente da Esfinge e espera.  Depois de algum tempo, percebe que algo está errado. A Esfinge parece “aérea” e distraída... Às vezes a olha de soslaio, mas com um olhar displicente, como se não se desse conta de que ela estava ali, toda “ paramentada” na frente dela e naquele calorão de doido.

___Ô!!! Hei!!!

Pachorrentamente, a Esfinge se inclina para a heroína:

__Hã...? É comigo...? _ e olha ao redor.

__Putz... Descabelo-me toda numa viagem “feladaputa”, num calor dos infernos nesse deserto causticante, sem comida, com pouca água, borrando a maquiagem prá isso?... Claro que é contigo!! Com quem mais seria??

__ Sei lá. Não existo só eu no mundo, sabia?  Diz a esfinge c/ cara de quem “não to nem ai”!

__?!?! ?!?!?! Olhe ao redor !?!?!?!?! Você vê mais alguém?

__ Hummm... È mesmo. Isso anda tão deserto... Você sabe por quê?

__Hã?! Você é louca?!?! Você é a Esfinge, certo?

__Sim.

__Então...?

__Então o que? Ta com o “miolo mole”, moçinha?

__ A pergunta!!!!!!

__Que pergunta meu bem?!?!

Nossa heroína joga sua espada e escudo ao chão, aos pés do colosso em total desespero. Olha incrédula para a figura enorme a sua frente tentando decifrar o que seu olhar quer dizer. No que, a bendita Esfinge, só faz devolver o olhar na maior languidez, como se diante dela existisse apenas um belo sorvete de casquinha de pistache.

Sem saber mais o que fazer, nossa destemida aventureira se joga no chão de costas, fica contemplando o céu azul, sentindo o calor quase insuportável da areia esquentar sua armadura. É quase um autoflagelo para recuperar o controle. Depois de certo tempo, ela ouve:

__Cuidado...

Com as esperanças renovadas, ela levanta de um só pulo, pega o escudo se arma com a espada, conserta a coluna e espera a continuação e, de boca aberta ela ouve:

__Essa areia é muito quente...  Você pode ter insolação, adquirir facilmente um câncer de pele e comprometer este seu tão sexi visual, querida!

Bobagem estragar rostinho tão... Hummm... Tentador...

Estupefata, ela continua na mesma posição, sem saber como reagir.

Começa a achar que está louca e que aquilo era uma miragem lisérgica.  Esfrega freneticamente os olhos, tentando apagar a visão, mas, obviamente não consegue. A Esfinge toda solícita, oferece:

__É cisco? Quer que eu sopre? Que pena... Você borrou seu rímel...

__Não!!! Quero a pergunta!!! A pergunta!!!

__Ih... Lá vem vc linda, com esta história de pergunta de novo... Aliás, o que veio fazer aqui, sozinha, nesse deserto, neste calor de crematório... O que vc quer?!?!?

__Passar!!! Eu quero passar!!!!

__Ah, passar “não pode”!!!! Diz a esfinge meneando languidamente a poderosa cabeçorra.

__Então!!! É isso que estou dizendo!!! Quero passar e vc tem de fazer a pergunta!!!

__Tenho?? Qual??

__ “Decifra-me ou te devoro”!  Essa pergunta!!

__Nunca ouvi antes... E se você decifrar-me? O que acontece?

__Ai meu Jesus Cristinho com o carneirinho nas costas... Bem que mamãe falou pra eu ser vigarista, larápia, gatuna... Mas não, tinha de me meter a ser heroína... Uma amazona destemida... Aiii.... Se eu decifrar, eu passo, entende?!

__Hum... É... Parece divertido... Parece justo... Ta bom.

__Então???

__Então o que?

__A PERGUNTA!!!!!!

__Mas você não já sabe a resposta? Tem que perguntar? Esses humanos e, principalmente essas “mocinhas andrógenas”... Ta bom, lá vai: “Decifra-me ou te devoro!”

Silêncio. Nossa heroína, empolgadíssima aguarda a segunda parte da pergunta. Aquela que selará o seu destino. A glória da morte ou a alegria da vitória, o coração pulsava, ela suava, tremia não de medo, mas de emoção. E esperou... Um minuto... Dois minutos... Foi ficando impaciente:

__Cadê?!

__Aiiii! Com mil escaravelhos, menina!... Cadê o que agora?

__O resto da pergunta. O Enigma!!!

__Resto? Não tem resto... É isso. Decifra-me ou te devoro. Gostei... Simples e objetivo.  É só.

Abismada, ela olha no fundo do olho da Esfinge, na esperança de entender o que aquilo queria dizer, de poder penetrar em sua rebuscada mente e compreender o que se passava por lá. O que ela queria dizer com aquilo.

__Nãooo!  Ta errado! Tem de ter outra pergunta. Assim não dá!

__Assim não dá? Assim você não me decifra?

__Não.

__Hummm...

Novo silêncio.

__Então ta. Foi sua idéia. Corre.

__O que?!?!?!

__Corre. Você não me decifrou. Corre.

__Mas... Você não perguntou...

__Perguntei, você me olhou o quanto quis, tanto que até quase me apaixonei na mira desse seu olhar modelo Cleópatra e, não conseguiu me decifrar. Corre.

__Mas assim você é indecifrável! Tem que falar algo...

__Bom, sempre me disseram que não sou muito de falar. Corre.

__Mas...

Paft, pou, nhac, burp, teim, teim... Burp!!!

__Mandei correr...

(monólogo da Esfinge)

...Humm... Tô sentindo um arrependimentozinho tão dolorido... Ela bem que me pareceu interessante...
Tão destemida, tão charmosa... E, que belíssimo trazeiro!

Próxima vez que aparecer por aqui outra incauta aventureira, e, se tiver tão tentadores predicados... Acho que mudarei essa minha dieta! Será bem mais divertido “desgustar” vítima tão trigueira em minha milenar alcova... Hehehe... Ai, ai... Que lindo par de coxas e que apetitosa boca doida de marasquino!!!... Aff!

Tá decidido!!! Chega de “desperdício”!!!... Tsc... Tsc..

Bem feito pra mim!... Preciso parar de ser assim tão abstêmia e pudica. Ora, ora... Além de perder tão “deliciosa” companhia, ainda por luxo, vou engordar uns quilinhos... Humpf!

Mto ingrata esta profissão de esfinge!... Ninguém merece!

Próxima vez eu juro que o enigma será:

“Decifra-me, que te lambo inteira!”

Daí... Dou uma de doida, monto pirâmide pra moça, encomendo perfumes, lingerie sexi e especiarias do Cairo, sais de banho do Oriente.... Humm, quem sabe até aqueles artefatos eróticos que tanto ouvi falar... Dou um Look no visual que tou mesmo precisando (“minha voz continua a mesma”, mas, os meus cabelos...! Estão péssimos com toda essa areia e vento do deserto, arguiiii, que descuidooo!) e depois... Hummm.... Ora!

__E que seja lá o que Nefertite quiser!



Já que tanto me perguntam...


Não há vida sem riscos. Arriscar calculado é previsível, chato, cansativo, além de ilusório, pois viver é o maior e mais delicioso risco de todos. Pensar que podemos controlar os resultados é no mínimo arrogante. Quem controla poda e podar demais limita, enfraquece, desbota. Já perceberam que o controle acaba sempre com a espontaneidade? E o que acontece com o controlador quando o resultado não sai como calculado... Sai de baixo! Socorro!

Deduzir nem sempre é interpretar a verdade dos fatos. É um pré-julgamento de certezas alheias. É criar um mundo de ilusões baseado na própria maneira de enxergar a vida.

Deduzir, é curiosidade aguçada, é tentar desvendar o sagrado de cada um. É definir o abstrato, autenticar o irreconhecível, camuflar o fidedigno. Já não bastam as deduções que temos de enfrentar durante nossa caminhada! Deduções de caráter, de estilo, pensamentos, comportamentos, sentimentos. Saem por aí subtraindo nossa personalidade, nossa estética, descontam por conta própria palavras e atitudes de um vasto conjunto de idéias. Sub-traem, exatamente, traem por baixo. É sujo.

Quem olha do lado de fora não identifica as verdadeiras razões e intenções, apenas mensuram inexatidões, descartam probidades, anulam qualidades. Só aceito e concordo com os descontos comerciais, em notas fiscais, mesmo assim discriminados os percentuais, agora, reduzir-me feito número decrescente? Isso não! Não preciso de aproximações feito dízima periódica.

Destemida e determinada. Observadora e silenciosa. Romântica e parceira. Já perdi as contas de quantas vezes tive que levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, e continuo caminhando. Teimosa, flexível, adulta, criança, moleca, madura, infantil, centrada, maluquinha, séria, risonha, o resto só de perto... rsrs.

Olhar sempre nos olhos! Honestidade, a mais difícil de todas as que tenho comigo mesma. Boa-vontade, a maioria das vezes. Mente aberta, quase sempre. Fé, sem ela não dá. Sou um ser humano, ora bolas!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Que o melhor sempre venha da melhor forma...



Que o melhor sempre venha da melhor forma...

Somente assim serei feliz...

E o que não for bom,

Desvia dos meus caminhos,

Caso contrário, passarei por cima.

Sou assim...

Assim como a vida é simples.

Somos felizes em essência.

O resto é o que deixamos que nos fizessem.

Não quero nada planejado,

Mas quero tudo querido.

Quero ganhar este sonho de viagem,

Para que possa acreditar

na realidade dos meus sonhos...


sábado, 21 de maio de 2011

QUERO morrer DE mim


Não sou eu quem falo agora e nem mais adiante!
Sobe-me a VEIA e a jugular  algo que não sei  explicar!!!
A vida pulsa em Vão  e a escorrer pelos... pêlos e meus dedos....
Parece que dói, mas não dói nada... 
É só a vida  escorrendo Lá fora  e mais nada...
Eu quem falo agora e nem mais adiante!
Sobe-me a VEIA e a jugular  algo que não sei  explicar!!!. 
É só a vida  escorrendo Lá fora  e mais nada!!!
Eh   asssim!!!!
"QUERO morrer (me) DE mim!!!!
Apagar-me de mim
Matar-me de mim!!!

Sabotadora de mim!



Nada me BASTA enquanto dói tudo o que QUERO!
Talvez não seja... Não seja Possível!
_A ilusão de um sonho é mais excitante do que a embriaguês da realidade (eu já sei)!
Debato-me em cismas e despedaço ilusões  com bravura indômita!
Sou minha própria cortesã e também minha guilhotina
Sou eu que me traio e saboto!
Rompo a mim mesma... Gosto sim (será?)!
De desfalecer regurgitante diante
de meus castelos ruídos!
Nada sou, além disto...
Uma apreciadora de  minha cabeça caída Y
Senhora absoluta de meus pesadêlos

domingo, 8 de maio de 2011

¡Te Amo!


YO TE AMO!!!

A CADA BESO TUYO, YO TE AMO UN POCO MÁS;
POR CADA PALABRA TUYA LATE MI CORAZÓN;
POR CADA CARIÑO QUE ME HACES,
SIENTO QUE POR TI SIEMPRE HE ESPERADO;
POR CADA MIRADA TUYA VEO QUE MI HORIZONTE ERES TÚ;
POR CADA DIA QUE DESPIERTO,
MIS LABIOS QUEREN LOS TUYOS Y MI VOZ,
COMO INTENTANDO DESCRIBIR MI ALMA,
TE PIDE PARA QUE TE CASES CONMIGO!

TE AMO Y TE BESO!

[Los Besos]

quarta-feira, 4 de maio de 2011

REFLEXÕES NOTURNAS


REFLEXÕES NOTURNAS

 


...O rio noturno está calmo e silencioso
As flores da noite saciam a sede,
O vento norte chega para esfriar a noite
E pôr em fuga as ondas do rio.
As ondulações da água, levam à lua
e não deixa que fique a luz das estrelas...

Elogio ao Ócio

                                                    
Elogio ao Ócio

Por que não conseguimos ficar sem fazer nada? A maior parte das coisas que dizemos e fazemos é inútil. São palavras de meu velho amigo Mário, um homem sábio do interior. Imagino que ele tenha se inspirado, nessa frase de imensa sabedoria, em Sêneca, seu filósofo predileto. Imagino, não. Tenho certeza. Mário sempre gostou de citar expressões deliciosamente ferinas de Sêneca relativas à idéia do esforço em vão, do suor vertido por nada ou quase nada. Uma delas: agitação estéril. Outra: preguiça excitada.

Lembro-me de ouvir Mário contar que Sêneca comparava as ações inúteis ao trabalho das formigas que descem e sobem o tronco da árvore sem nenhum propósito. Prometi a ele que, se um dia vencer minha preguiça invicta de ler filósofos, minha escolha de leitura será Sêneca. Enquanto isso me sirvo das palavras transmitidas por meu amigo.


Olho para o espelho e concordo: quase tudo o que faço e digo não serve para nada. E, no entanto sinto dificuldade em deixar as atividades sem razão ou utilidade. Penso que isso acontece com quase todo mundo. Uma dificuldade poderosa de ficar sem fazer nada. Simplesmente contemplando as coisas. Refletir sobre nós mesmos. Não nos permitimos o ócio. Pegar uma sessão das 2 no meio da semana. Tomar um sorvete na praça no meio da tarde. Ou simplesmente fechar os olhos e pensar. Estamos sempre fugindo de nós mesmos. Fugindo de nós mesmos: claro que essa frase de gênio não é minha.

Parecer ocupado é considerado importante, mais do que estar mesmo ocupado. Na vida corporativa, isso chega a extremos de comédia. Li numa revista que uma empresa de recolocação de executivos desempregados arruma para eles escritório e secretária para que simulem atividade. (E fujam de si mesmos, ocorre-me). Soube que as empresas fazem planos de cinco a dez anos. As coisas mudam tanto, o tempo inteiro: faz sentido planejar um futuro distante? Estarão vivos os planejadores? Estarão vivas as premissas nas quais os planos se basearam? Suspeito que tudo isto se encaixe no que Sêneca chamou de agitação estéril.

Sou uma escritora barata. Não tenho carteira de trabalho. Mas gostaria de lembrar uma frase preferida de Mário, que fez uma longa, boa e pacata carreira num banco estatal. Um sagaz e sincero observador da condição humana ouviu-o dizer mais de uma vez: “Dez coisas que as pessoas fazem no trabalho, nove são geralmente inúteis. A décima costuma ser uma bobagem. Digo isto com base nas coisas que eu mesmo fiz”. Exagerado, grandiloqüente, provavelmente. Mas será que é tão distante assim da realidade?

Esqueça agora mesmo a empresa. Seu tempo é livre? Pois então você se sente compelido interiormente a ocupá-lo. Você pega o celular e telefona a 1ª pessoa que venha à mente, mesmo que não tenha o que dizer. Ou então se instá-la em frente ao computador e entra e sai de chats. Você sobe a escada. Depois desce. Todos nós fazemos isto. Subimos escadas  e descemos como as formigas de Sêneca. Sem propósito. Apenas porque não conseguimos ficar sozinhos com nós mesmos.

Registro aqui o Elogio do Ócio, numa época de tantos movimentos por nada, de tanta agitação sem nexo. E penso, comovida, numa canção de John  Lennon. Ouço-a mentalmente. Watching The Wheels. Olhando para as rodas. Ele dizia que as pessoas estranhavam vê-lo sentado, de olho nas rodas dos carros que passavam e passavam. “Apenas gosto de vê-las girar”, disse John. John Lennon nesse momento foi tão sábio quanto meu amigo Mário, quanto Sêneca, quanto todos aqueles que se insurgem contra a fuga automática e neurótica de si mesmos.